Chegou a Morel 13, dossiê Flip ;)
Entrevista com Jeferson Tenório, ficções inéditas e conversas com participantes da Flip 2024, e ensaio sobre a Flip de 2004
Treze
…é o número da sorte favorito de Morel. Portanto esta primavera traz pela primeira vez uma edição com dossiê temático, Festa Literária Internacional de Paraty. Gracias a Bruno Torturra, com quem cobri a Flip de 2004: o jornalista encontrou no fundo de seu baú uma série de negativos de uma das festas mais históricas - aquela Flip que teve Paul Auster, Martin Amis, Margaret Atwood e Chico Buarque (abaixo).
O ensaio é acompanhado por crônica de um velho amigo da casa, Joca Reiners Terron, que naquela Flip foi chamado por Pierre Michon de “novo Rimbaud”. Curadora da edição 2024, que começa amanhã, Ana Lima Cecilio soprou dicas espertas – como a ideia da seção Quiz, inspirada pelo patrono João do Rio (perfilado pelo cronista Marcelo Moutinho).
Repetindo enquete criada pelo carioca há mais de 100 anos, nosso Quiz convidou Juan Cárdenas, Ligia Gonçalves Diniz, Danny Caine, Silvana Tavano, José Falero, Bruna Mitrano, Jazmina Barrera e Luiz Antonio Simas. E ganhou respostas assim:
O corajoso Odorico Leal, autor de Nostalgias Canibais, escreveu uma autobiografia não-autorizada de Xandão (pintura do nosso diretor de arte Eduardo Kerges).
Há poemas inéditos de Ana Estaregui e Alice Sant’Anna (este, do novo livro Acrobata).
Uma das capas, de Renato Parada, é com o escritor gaúcho-carioca Jeferson Tenório em entrevista sobre o novo romance De Onde Eles Vêm, em que retrata o início das cotas sociais nas universidades, seu percurso acidentado de professor de escola pública a líder da luta antirracista no país, e a repercussão de O Avesso da Pele, que o alçou à posição de intelectual público.
A ala da ficção inédita está especialmente generosa nesta edição. Há ficções de Mariana Salomão Carrara (uma carta de amor escrita em um edifício em chamas), Marcela Dantés (uma dolorosa elegia a um anjo), Julia Dantas (um triângulo amoroso separado por décadas), Evandro Cruz Silva (um fluxo de consciência de um negacionista), Marcílio França Castro (uma investigação sobre o K tatuado na nuca de uma musa em fuga). Mais: um trecho do próximo livro de Micheliny Verunschk, Depois do Trovão, romance que fecha a Trilogia do Mato, composta por O Som do Rugido da Onça e Caminhando com os Mortos. Ambientado no século XVII, durante a chamada Guerra dos Bárbaros, o romance narra as aventuras e desventuras de um combatente bandeirante na conquista de um sertão desolado pela carnificina.
Tudo ilustrado lindamente com os cardumes bordados pela artista visual Aline Brant/Bagre, indígena de Macaé vivendo em Paraty.
Na capa alternativa, dedicada ao ensaio fotográfico, Layla Motta oferece uma fração de seu próximo livro, uma deslumbrante viagem ao sertão do litoral norte paulista, com a Mata Atlântica tão cantada por Tom Jobim. Neste ano tristemente marcado pelas queimadas que assolaram o país, sempre bom revisitar a beleza que, se bobearmos, podemos perder para sempre.
A arte dos quadrinhos ficou a cargo de cartuns de Pedro Vinício e de uma graphic novel de Jefferson Costa - uma curiosa sessão de terapia que coloca no divã a difícil questão: “Champagne para alguns ou água potável para todos?”.
E nosso correspondente na Europa envia um ângulo curioso sobre o mais literário – e mais contestado – dos espetáculos. Atacada por ativistas, mas apreciada por escritores como Ernest Hemingway, Michel Leiris e Georges Bataille, a arte da tourada contemporânea tem como maior estrela Léa Vincens, que, conta o fotorrepórter J.R.Duran, revoluciona o ritual espanhol com bravura, excelência – e compaixão.
Morel 13 foi impressa em papéis especiais sob demanda, em tiragem limitada, e somente pode ser adquirida direto no site da Ipsis.
Gracias pela leitura!
Um abraço,
Ronaldo Bressane
Quem leu esses destaques da edição e não correu pro site da Ipsis pra garantir um exemplar, tá bem louco!