Corri pra você poder pular
Dicas de livros pra você fugir do carnaval: sexo, arquitetura, sexo, poesia, sexo, romances, sexo, quadrinhos, sexo, psicologia, e, claro, um pouquinho de sexo
#pilhadeleiturasperdidas
“Quem leva livro pra praia ou não gosta de livro ou não gosta de praia”, definiu o craque Daniel Furlan, em uma releitura sagaz do clássico bordão elitista de Paulo Francis, “intelectual não vai à praia, intelectual bebe”. Adiciono a estes o lema anônimo criado pela internet, “um pouco de droga, um pouco de salada”, que vem norteando a Morel desde o número 1: uma revista em que você nunca sabe o que vai encontrar. Nem eu, que estou fechando agora a edição número 15, sei ;)
Descerebrar também é celebrar o cérebro, ensinou Chico Science. E como falar em Science é falar em carnaval, de repente entre um bloquinho e outro ou no meio do zapping das escolas de samba na TV ou intercalando escapadas pra praia ou pra montanha vai que você resolve abrir um livro?
Vem, você consegue se afastar dessa praga maldita chamada smartphone e passar uma horinha só lendo caracteres parados numa página estática. Você consegue fugir do caça-níqueis das redes sociais, pensadas com a mesma mentalidade dos cassinos. Você correu do jogo do tigrinho, não descerebrou na baba elástica e bovina frente ao BBB, não amebou na política do zap, não sucumbiu ao recente linchamento requentado na fogueira da fofoca. Você gosta de deixar a mente devagar divagando em cima de um texto comprido, cheio de ambiguidades, nuances e contradições. Você ainda não virou uma planária plana colapsada pelo Mundo Literal do agronejo e do gospel e do hip hop de playboy e dos podcasts de influencers e das novelas da Globo e de filmes como A Substância. Você gosta de dúvidas, de sustos, de entreveros, de possibilidades abertas, da beleza entrevista entre uma vírgula e um travessão. Você grifa coisas que talvez nunca mais revisite, mas que de algum modo permaneceram grifadas no fundo da cachola. Você fica brisando em palavras como estupefaciente e paralelepípedo e cafuné. Você é daquelas pessoas pra quem o desejo não é prenúncio mas já a aventura, como disse a Ana Martins Marques. Você ainda não desistiu de imaginar.
Me diz, qual desses livros é mais sua cara?
10
Aula de Teatro, de Nick Drnaso
Trad. Cris Siqueira, Veneta
Este é daqueles romances gráficos que no final você pergunta a placa do caminhão que te atropelou. Volta pro começo, tentando entender, lê tudo de novo e o sentido nunca se esgota. Duvidava que Drnaso (pronuncia-se Dârnásso) lograsse um livro tão inquietante quanto Sabrina, mas ele foi ainda mais longe em sua investigação sobre os limites do real. Se você gosta de um visual minimalista como o da série Ruptura, este livro é pra você.
O traço quase transparente de Drnaso é exatamente o oposto das HQs de super-heróis que deram nosso letramento na nona arte - nenhuma onomatopeia, nada de cores berrantes, nenhum recordatório redundando a ação, nenhuma ênfase. Não tem gritaria e nada é literal. A ação ininterrupta oculta sentidos nas entrelinhas do enredo e, apesar da aparente apatia evidenciada pelo traço que os torna extremamente parecidos, os personagens têm arcos dramáticos sutis e mudanças cruciais. Várias pessoas comuns de uma cidadezinha comum buscam um curso supostamente comum de teatro - um troço aparentado a psicodrama que é tocado por John Smith, um sujeito tão normal quanto enigmático. John é grisalho, tem dentes ruins, jeito acolhedor e boa-praça, mas é melífluo e manipulador. Ele percebe que as pessoas buscando seu curso é gente quebrada, com problemas de autoestima e pecados pesados ou acertos de contas com o passado. Cria pequenas rotinas em que os participantes atuam como outros personagens, e pequenas pecinhas de teatro vão se cruzando durante as aulas.
E aí é que a coisa começa a desandar: em muitos momentos não sabemos se os personagens estão atuando sob novas máscaras ou se trouxeram novos comportamentos para suas vidinhas ou se estamos vendo suas realidades sendo consumidas por outras realidades, mais sinistras. O que percebemos é que alguns mudam de maneira dramática, às vezes trágica - e que o simpático John não passa de um líder de seita. O arte invisível de Drnaso consiste em devassar os mecanismos de um desvio cognitivo, de uma loucura coletiva - como o bolsonarismo, por exemplo - através da fragilidade emocional, da forte necessidade de pertença e da entrega irrestrita ao líder. Parece teatro, mas é pura política. Uma aula de narrativa.
9
Volume 2, César Aira
Vários tradutores, Fósforo
Depois da primeira caixinha, a Fósforo traz o volume 2 do mais prolífico autor argentino com quatro noveletas inclassificáveis, flutuando entre o ensaio, a fantasia e a observação pessoal (não dá pra dizer autoficção, Aira é muito mentiroso), sempre naquela prosa fluente que me lembra tanto Sérgio Sant’Anna; saudade, Serjão (a quem Aira, grande divulgador da literatura brasileira, também traduziu). Em Aniversário, Aira escreve um ensaio sobre (mas não só) a necessidade de continuar escrevendo, quando, aos completar 50 anos, já tinha preenchido algumas dezenas de livros.
Parte de dois motes bestas. Um é a descoberta de que não sabe nada sobre astronomia. E a outro é o encontro com uma jovem aspirante a escritora que o atende em um café de Coronel Pringles, sua cidade natal, que o leva a questionar-se por que cazzo escreve. E assim, sempre usando seu método de “fuga para a frente”, em que em vez de domesticar sua narrativa, ao contrário, torna-a mais selvagem e errática, seu ensaio espalha-se por uma miríade de reflexões acerca da vida e da escrita e de outros temas, como por exemplo o Juízo Final, o que nos leva a pressentir que Aira escreve tanto justamente por medo que se aproxime sorrateiro o seu Dia do Juízo. Acompanha o ensaio um miniensaio de Joca Reiners Terron, também caudaloso de referências rizomáticas, verdadeira matrioshka de narrativas mise en abyme.
As outras novelitas são Um Episódio da Vida de um Pintor Viajante, sobre a passagem do alemão Rugendas pela América do Sul; Parmênides, narrando a amizade entre o político e sacerdote grego e o poeta Perinola, que o ajudaria a escrever um impossível livro sobre literatura; e O Divórcio, em que um recém-separado professor universitário, assombrado pelo Inferno de Dante, passa férias em Buenos Aires.
8
Chiclete, de Kim Ki-Taek
Trad. Yun Jung Im, 7Letras
Uma das coisas mais legais de ir a uma livraria é procurar uma coisa e achar outra. Por conta de um projeto, estava na Livraria Eiffel, especializada em livros de arquitetura, quando, fuçando aquelas lindas estantes - no térreo do edifício desenhado por Niemeyer, é uma das livrarias mais bonitas de São Paulo - , me deparei com uns versos esquisitos na quarta capa de um livro. Virei-o e descobri a poesia antilírica de Ki-Taek, aqui vertido por Yun Im, a mesma tradutora de Han Kang e outros geniais sul-coreanos. Gosto de poetas prosaicos e de líricos que buscam a concretude e percebi minha turma ao ler isto:
Como diz Nelson Ascher no iluminador prefácio, embora aparentemente coloquial, esta poesia “seleciona meticulosamente os detalhes que serão arrolados, planeja sua ordem e seu modo de exposição, e quando isso fica pronto, é o conjunto que se põe em movimento, gerando sentidos, sensações e sentimentos”. Ascher até faz uma aproximação com A Vegetariana de Kang ao notar a estranheza que Ki-Taek observa em nosso hábito carnívoro, como nestes versos:
Porcos, frangos, polvos, cavalos, gatos, cachorros: o universo de Ki-Taek é composto por todo um bestiário assombrado pela voracidade humana. Sua poesia material corporifica-se na página, atravessada pelo incômodo e pela irritação em relação ao mundo, à crueldade e apatia humanas e, acima de tudo, irritação em relação à poesia asséptica. Bela descoberta.
7
Lina por Aldo, org. Isabel Diegues e Jorn Konijn
Cobogó
Falando em arquitetura, esta linda edição (impressa pela Ipsis, a gráfica que faz a Morel) mostra um curioso caso de amor entre dois artistas. A arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi e o arquiteto holandês Aldo van Eyck se conheceram em São Paulo em 1969, na Casa de Vidro. Mas foi só em 1994, durante uma exposição póstuma, que caiu a ficha para Eyck sobre a importância social do trabalho da criadora do MASP (“não só um belo edifício, mas um fenômeno… que devolve à cidade tanto espaço quanto retirou dela”, escreve). Grande arquiteto ligado às causas populares - entre projetos e ensaios sobre o tema, desenhou um icônico orfanato e mais de 700 playgrounds em Amsterdam -, pouco antes de sua morte, em 1999, Eyck voltou ao Brasil para investigar e reconstituir o percurso afetivo e artístico de Lina, entre SP e Salvador. O resultado é este simpático tijolinho amarelo de 400 páginas com projeto da Haller Brun, fotos e ensaios de Eyck e artigos de peso de Ligia Nobre, Max Risselada, Marcelo Ferraz, Mara Llorens e Francesco Perrota-Bosch. Em um mundo cada vez mais povoado por prédios bisonhos, importante voltar os olhos para a arquitetura que, no dizer de Cortázar, “saiba ir à rua para ir brincar”.
6
Nas Cidades Sou Como o Fantasma de Alguém Sem Rosto, André Lisbôa
Folhas de Relva
No ensaio crucial “O mármore e a murta”, Eduardo Viveiros de Castro comenta como através do canibalismo os indígenas brasileiros atualizavam o conceito de vingança, ressignificando o tempo: absorver a carne do inimigo, de modo ritual, é justamente a instituição que produz a memória, que atualiza no presente o sentido do passado.
“A morte e a devoração pelos inimigos se inserem na problemática pan-tupi de imortalização pela sublimação da porção corruptível da pessoa (…), os Tupinambá não devoravam seus inimigos por piedade, mas por vingança e honra (…) O que a morte dos inimigos e a morte em mãos dos inimigos permitiam era exatamente a perpetuação da vingança.”
Este ensaio me passou pela cabeça durante a leitura da road novel do catarinense Lisbôa, lançado discretamente ano passado e indicado a mim por uma amiga que o leu como audiolivro (“ouvi direto sem parar”, me contou). De fato, a narrativa prende e não te solta até o intrigante final. Não só a premissa é original como também o modo de contá-la: em capítulos curtos e linguagem franca, lemos os diários da viagem de bicicleta de um advogado pela América do Sul. Não me lembro de outra ciclonovela antes publicada no Brasil. A aventura, atravessada por dores nas costas, exaustão física, meditação na estrada, encontros aleatórios com novos amigos e namoradas, além de muitos sustos, surpresas e alucinações, já seria interessante em si, não fosse acompanhada de uma segunda narrativa, que vem surgindo aos poucos, como que comendo por dentro a primeira.
Nela, o advogado vai se lembrando do que deixou para trás, o tal fantasma do lindo título, que o persegue e lhe tira a paz: um bandido indígena que não só o contratou para defender-se de um crime atroz como também para narrar em detalhes sua vida - e o propósito de sua vingança. O genocídio indígena, que jamais acabou no Brasil, tem no advogado ciclista sua memória resgatada e, além disso - atualizando a leitura da vingança tal como proposta por Viveiros de Castro -, também transmitida e corporificada. Como que nos lembrando que, por mais que tentemos fugir, a cada esquina há um nome que avisa: o Brasil é um grande cemitério indígena. Belo romance de estreia.
5
Mostra Monstra, de Angélica Freitas
Círculo de Poemas
Como eu sempre digo, a realidade parece horrível, mas ainda é o único lugar onde se consegue ler um poema da Angie. Nesta plaquete, a poeta de Pelotas residente em Berlim (logo mais voltando para SP) traz poemas norteados pela monstruosidade nossa de cada dia, naquilo que tem de simultaneamente horrível e engraçado, conceito já abordado em livros anteriores como Canções Para Atormentar. Uma poesia metamorfa, meio sereia meio centaura, que sempre acaba muito diferente de como começou, como se o poema surpreendesse a própria poeta. A propósito, se você curte a poeta de Rilke Shake, Morel 14 traz 9 poemas inéditos.
4
O Sombrio Coração da Inocência, de Débora Ferraz
DBA
“Aqui estão as perguntas mais primárias que nos fazemos vendo fotos de juventude. De quem você gostava? Qual era o seu sonho? O que mais vocês estavam, de verdade, fazendo uns com os outros?”
O trecho acima vem de uma memória de Tito, observando fotos antigas de adolescência, marcada pelo afogamento misterioso de duas colegas, as irmãs Carinna e Giulianna. Mortes que nunca foram solucionadas e que ainda assombram uma pequena cidade da Paraíba, bem como Tito, que 20 anos depois, em 2019, é um jornalista investigativo inquieto. Ele resolve partir para Norwich, na Inglaterra, em busca de Daniel, um garoto inglês que sumiu da cidadezinha depois da tragédia. A leitura pressupõe uma investigação criminal, mas, aos poucos, vamos percebendo que outros pecados da adolescência, nunca resolvidos, ressurgem - respondendo àquelas perguntas lá em cima. Ainda não terminei, mas estou muito enredado pela prosa segura do segundo romance de Ferraz, vencedora do Prêmio SP de 2014.
3
Viagens a Terras Inimagináveis, Dasha Kiper
Trad. Maria Cecilia Brandi, Todavia
“Quando a memória de alguém desaparece, quando a personalidade e o comportamento mudam, com quem estamos lidando? Quando uma doença neurológica afeta o cérebro, como as nossas expectativas em relação às pessoas mudam? Quando é correto tratá-las de maneira diferente?”
As questões acima, todas disparadas pela investigação da demência, me lembram as inquietações quando assisti ao extraordinário Malu, de Pedro Freire (inspirado na vida de sua mãe, Malu Freire, em soberba interpretação de Yara de Novaes). Aliás um filme que, pena, foi pouco visto (a tendência monopolista do pós-capitalismo só dá espaço a um grande feito por vez, e este foi ocupado por Ainda Estou Aqui). No filme, vemos como aos poucos a indomável Malu vai sendo domada por um ocupante terrível: a encefalopatia espongiforme, vulgo doença da vaca louca.
Na ficção brasileira, Lourenço Mutarelli já havia se ocupado desta enfermidade em seu melhor livro, A Arte de Fazer Efeito Sem Causa. Já em seu filme, Freire documenta a veloz devastação que acomete sua mãe, mostrando como uma personagem tão cheia de vida vai subitamente esvaziando - a mente esburacada como o protagonista do livro do Mutarelli.
Pesquisadores brasileiros têm aproximado o mal de Creutzfeldt-Jakob a outro terrível mal de nome alemão, Alzheimer, como se lê neste artigo da revista Fapesp. Enquanto esta boa nova não chega, tais doenças neurodegenerativas continuam implacavelmente autoimunes. O que não é implacável são o afeto e o cuidado com esses entes que parecem ocupar o corpo de pessoas queridas - é o que demonstra o livro de Kiper, que em seus melhores momentos lembra as ficções de Oliver Sacks. Psicóloga e cuidadora de idosos com alzheimer, Kiper reúne um conjunto de saberes que vão da filosofia à literatura, passando pelas descobertas da neurociência e pelo jargão da psicanálise, pesquisando as fronteiras entre um indivíduo e sua doença, bem como analisando conceitos como a natureza da consciência e da identidade, e as mútuas influências entre mente e corpo - que, como se entende hoje, não são territórios estrangeiros como primava a velha terminologia cartesiana. Um livro tão fascinante quanto profundamente humanista.
2
As Metamorfoses do Elefante, de José Luís Mendonça
Poente
Uma doideira. O angolano mistura uma premissa divertida - uma pandemia de riso, surto que é chamado por todos de “surriso” -, fabulário africano e a história do golpe de 77, um dos tantos que estremecem rotineiramente o país. O texto é tão saboroso quanto psicodélico, realismo mágico sem perder o pé na crítica social:
“Eu, espírito caminhante, boca invisível, vos cuspo este ovo de misoso. Viver não se escreve. Viver é pessoa, é coisa, é música dentro do ovo da fala. Quem tem ouvidos lê o som das melodias, o compasso dos ritmos, o bater da chuva no coração das pedras. Viver não se escreve. Viver nos escreve. Viver fala mais alto que os livros.”
Acima de tudo sobrevoam os sete sonhos de Hermes Sussumuku, uma espécie de profeta que tenta apreender a realidade futura por trás de nuvem formada por uma vaca de fogo preto, cabras voadoras, um falcão de asas redondas, camelões, hienas, além, claro, de um elefante de três cabeças e diversas faces. Uma viagem.
1
Desejo, de Gillian Anderson
Trad. Ibraíma Dafonte Tavares, Vestígio
“Sobre fantasias”, “Bruto, suado, rápido, desesperado”, “Ser venerada”, “Tabu”, “A prisioneira”, “Sexo não convencional”, “Pessoas desconhecidas”, “Poder e submissão”, “Exploração”, “Mais, mais, mais”, “Observar e ser observada”, “Sempre tive uma queda por...”, “Com gentileza”: os títulos dos capítulos desta coleção de cartas anônimas de mulheres, coligidas durante anos pela celebrada atriz de Arquivo X, pareceram mais que suficientes para chamar a atenção deste professor de escrita de literatura e erotismo.
E de fato: quando penso que vi de tudo, sempre me surpreendo. Ativista, Anderson criou um site para receber cartas de mulheres que relatavam detalhadamente seus objetos de desejo. Esta é uma compilação das mais de mil páginas que a atriz recebeu em um mês. Algo me diz que vou tirar daqui muitas propostas para os próximos exercícios do meu curso. Como o livro seguinte…
Zero
Alguma Vez É Só Sexo?, de Darian Leader
Trad. Vera Ribeiro, Zahar
Nunca é, como reza a citação supostamente de Oscar Wilde: “Tudo é sobre sexo, menos sexo: sexo é sobre poder”. Talvez não só sobre poder, conforme a divertida investigação de Leader, um dos livros mais divertidos que li nos últimos tempos. Lançado ano passado, só terminei agora, tão bom que era, como aquele bolo de chocolate que guardamos na geladeira pra mais tarde. Grifei inúmeras páginas:
Clap clap clap!
Gracias pela leitura,
abraços
Ronaldo Bressane
Boas recomendações! Vou encomendar a graphic novel!
Esse livro de Darian Leader virou livro de cabeceira. Esse de G. Anderson tá na minha lista de compras desde o ano passado.